Este é um post sobre tristeza.
E essa não merece títulos.
Há uns dias, na TVI24, o antigo avançado do Sporting, Manuel Fernandes, falava do clássico com o F.C. Porto. Manuel Fernandes estava numa homenagem a Vítor Damas, falecido guarda-redes, com quem partilhou balneário.
Manuel Fernandes foi questionado pela jornalista o que sentia por estar ali, a homenagear o colega. Manuel Fernandes baixou a cabeça. Não estava a chorar.
Seguiu-se um longo silêncio.
Nada. Zero. Nem uma palavra da glória leonina. Nenhuma lágrima também.
«Muita coisa», disse depois, com a voz a lacrimejar.
Naquele momento, como em todos os outros semelhantes, vieram-me as lágrimas aos olhos.
É inevitável. Perder um amigo é das coisas mais dolorosas que há. Eu sei-o, porque perdi um, quando era adolescente (se isto fosse papel de verdade estava todo esborratado).
Na verdade, perdi-o muito antes de ele morrer. Tinha um tumor, que o deixou incapacitado do lado esquerdo, o melhor que tinha.
De todos nós, ele era, sem dúvida, o mais brilhante, o mais inteligente. Só não era o melhor jogador da bola.
Estava preparado para perdê-lo. Recebi a notícia(...)
Este ano, ao fim de muitos que passaram, reentrei no cemitério, onde estão os meus avós. Um que nunca conheci, e ELA, que viveu comigo durante anos e anos, até se esquecer de mim.
Mesmo assim, foi à procura do meu amigo que fui.
Raramente falo dele, apenas com os da primária. Mas não há 21 de Agosto que não me lembre daquelas dentolas e um lábio cicatrizado por causa de uma queda.
Se me perguntares o que sinto, posso dizer-te: «Muita coisa».
Este é um post sobre tristeza...e não consigo escrever mais nada. Porque a tristeza interrompe-nos. Deixa-nos pendurados, em suspenso.
...«muita coisa»...
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2 comentários:
:(
Podia dizer-te: «we're meant to lose the people we love. How else would we know how important they are to us? », como no filme «O estranho caso de Benjamin Button». Mas seria demasiado «fácil». Já tive cancro e já perdi pessoas que amava mto, mesmo as que não cheguei a ver. Um amigo, que era um irmão e a vida levou-o demasiado cedo. Acho que nc lhe perdoei isso. Um(a) filho(a) que nc cheguei a ter. Por mais estúpido q possa parecer, e tendo em conta td o que passei durante a minha doença, pareceu-me sempre mais fácil lutar pela minha vida do que perder quem amava. Mesmo que não controlasse o meu corpo, recusava-me a ceder. Já as perdas, não consegui evitá-las. Não sei pq estou a escrever isto td que não faz sentido algum para mais ng a n ser para mim, mas ao ler-te fiquei com um nó, que n desata. Chorei. (com esta é coisa para dar cabo da minha reputação de mau feitio... lá terei de lembrar-me de algo para recuperá-la!)
Estou bem e quem amo vive... vive em mim e nas minhas memórias.
Bjs
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